Ananindeua, a casa do lado. 

Nasci e morei a vida inteira em Belém. Durante a pandemia me mudei pra Ananindeua, município da região metropolitana da mesma cidade, considerada por muitos uma cidade dormitório. Desde que cheguei, me surpreendi com quão pouco eu sabia desse lugar tão significativo e quão estigmatizada é a visão do centro sobre a periferia.
Ananindeua é a segunda cidade mais populosa do Pará e a quarta da região norte do Brasil, com mais de 520 mil habitantes em 2020. É uma cidade grande pelos critérios do IBGE, abrigando centros comerciais e gigantescos conjuntos habitacionais. Em suas maiores avenidas, Ananindeua parece qualquer cidade grande do Brasil. Mas, em suas pequenas vielas e rincões, sua história de alguma forma resiste a toda essa onda desenvolvimentista, mantendo as memórias e as conexões que a fazem parecer com as cidades do interior do Pará.
Nos pequenos comércios, nas donas de casa conversando na porta de casa, nos meninos correndo na rua. Na maior parte de Ananindeua o céu ainda é “grande”, já que os prédios quase inexistem. Os comércios ainda fecham para a sesta, mas permanecem funcionando até bem mais tarde, das padarias as vendinhas de açaí, açougues e feiras, esperando os clientes/trabalhadores que retornam para suas casas.
Ananindeua e seu design vernarcular me parecem ainda pouco documentados. Desde os tipos de letras, “abertas” por pessoas talentosas da área, passando pela mistura de cores e elementos gráficos, não há dúvidas que trata-se de um design visual e urbano único, construído pela nossa cultura e forma de ver o mundo. Nesse post divido algumas imagens desse meu encontro com meus novos vizinhos.
"Ananindeua, a casa do lado" é um projeto ainda em construção.



Ficha técnica: 
Fotografia e Curadoria:  Patrícia Brasil 
Produção: Plano B612 Eirele

* Projeto premiado com "Menção honrosa" no incentivo às artes visuais Imagens Cotidianas do SESC - Pa;
* Projeto premiado pelo edital preamar de Cultura e Arte 2022 da  Secretaria de Estado de Cultura do Pará;